Algumas vezes, nos pegamos pensando em pessoas que foram importantes em nossas vidas, ou que ainda são, mas que por algum motivo, muitas vezes insignificante, não estão mais presentes na nossa vida, no nosso cotidiano. É incrível como o relacionamento humano é complicado e sensível, normalmente nem percebemos como uma palavra mal colocada pode destruir uma pessoa.
Muitas vezes retiramos uma pessoa de nossas vidas, esta que por mais importante que tenha sido ou que ainda seja, não faz mais aquele bem que outrora fez para nós. Minha querida mãe me ensinou muitas coisas, dentre essas está o ensinamento de que a vida é feita de ciclos. Hoje eu gosto de uma coisa, amanhã de outra, talvez daqui a alguns dias eu passe a gostar novamente e esses ciclos, de preferência quanto a algo ou alguém, se estendem pra basicamente tudo em nossas vidas.
Um dos problemas desses ciclos é o término deles, porque normalmente não existe um motivo real ou forte suficiente pra que desejemos finalizar aquele ciclo. Muitas vezes o ciclo se encerra simplesmente porque precisamos de alguma mudança, precisamos pegar um ar novo. Entretanto, o ser humano não é acostumado com o fim dos ciclos, ele não gosta, ele se apega, ele briga para que o ciclo não seja terminado, até que um dia percebe que o ciclo já acabou, percebe que aquilo que amava, não ama mais.
A gente prende uma pessoa ou várias pessoas a nós, para manter um ciclo, às vezes aquilo não faz mais bem algum para nenhuma das pessoas, mas o medo do término daquele ciclo específico normalmente faz as pessoas manterem um ciclo que não faz mais bem só pra não gerar mais sofrimento. Mas cá entre nós, o que mais faz sofrer, manter-se inerte em algo que não nos faz bem ou acabar de uma vez com aquilo que nos impede de seguir em frente? É errado querer mudar para ser feliz? Talvez já tenha acreditado que fosse errado, hoje não acredito nisso mais.
O pior ciclo, é aquele que nem é de nossa culpa ou escolha, que nos foi imposto por outra pessoa e que infelizmente nos obriga a sofrer todos os dias, numa espécie de purgatório sem fim. Mas o que mais gera sofrimento, é ter que aguentar as pessoas dizendo que tu deve continuar naquele ciclo, porque tu tem vários problemas na tua vida e isso te sensibilizou, portanto, tu deves continuar sofrendo dia após dia, só para não tomar uma decisão baseada em puro sofrimento.
Notaram o quão surreal é este argumento? Pessoas te dizem para tu não mudar uma parte da tua vida, porque as outras partes estão uma porcaria e isso estaria te causando a ilusão de que a parte que tu queres mudar está uma porcaria. O grande problema disso é que quem vive todas as partes juntas, é somente você mesmo. Desta forma, apenas uma pessoa tem como dizer se mudar uma parte da vida que está uma porcaria, vai melhorar ou não o resto da vida.
Afinal, hoje tenho medo que um ciclo se termine e quando esse medo acabar, junto com o ciclo provavelmente, vou ter medo de que outro ciclo se termine e minha vida vai seguir assim até seu momento derradeiro, onde vou ter medo da morte. Por mais doente que eu possa estar, por mais que eu tenha aproveitado a vida da melhor forma possível, no fim temos medo da morte e nos agarramos a este mundo por mais que ele já não nos pertença, que ele não nos faça mais bem.
Tenho saudades da época da minha vida onde eu podia tomar decisões sem que me julgassem, criticassem ou questionassem incansavelmente. Saudade de poder deixar de brincar com um amiguinho, pelo simples fato de que não gosto mais de brincar com aquele amiguinho, como gostava antes. Saudade de poder decidir de forma pura, sem pensar nas consequências ou implicações daquela decisão. Enfim, saudade de ser livre pra decidir.
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